Um blog de Rui Baptista

domingo, maio 02, 2004

Paraty



Jóia colonial

Há duas maneiras de descobrir Paraty. A mais fácil, barata e cansativa (mas também mais recompensadora) é percorrer as ruas do centro histórico, calcetadas com enormes lajes irregulares de pedra. A alternativa é pagar 15 euros para apanhar uma "escuna" (barco tradicional de recreio) no cais e depois seguir navegar pelas praias e ilhotas que rodeiam Paraty. Vista do mar, a cidade é simplesmente encantadora, com os seus sobradões (casas de dois pisos cobertas com telha mediterrânica) espelhados nas águas mansas da baía.
Paraty foi fundada por portugueses no século XVII e o seu nome (que pode também ser grafado como Parati) deriva de um palavra dos índios "tupi" que significa peixe pequeno. Construída a partir do mar, a cidade estende-se em leque para o interior, numa disposição tipicamente portuguesa. A fachada das casas fica rente às ruas, e nas traseiras erguem-se pátios fechados que são verdadeiros oásis de frescura.
Paraty conheceu um primeiro surto de desenvolvimento nos séculos XVII e XVIII, servindo de porto de escoamento ao ouro extraído em Minas Gerais. A cultura de café nas fazendas do Vale da Paraíba no final do século XIX reavivaram a cidade, que sonhou ser uma das mais importantes do antigo Estado da Guanabara. Mas, ao ficar de fora da rota do caminho de ferro, Paraty estiolou, para grande desagrado dos seus moradores mas para enorme felicidade dos visitantes. Afastada da rota do progresso, Paraty conservou-se como uma jóia da arquitectura colonial, ao ponto de ser séria candidata ao título de Património da Humanidade da Unesco.
Nos últimos anos a cidade tem sido muito procurada pelos turistas, mas a Prefeitura tratou de fechar o centro histórico ao trânsito automóvel, e enterrou os fios de electricidade e de televisão. Arrancou também um projecto para recuperar os "sobradões" e pequenas estalagens e restaurantes instalaram-se nas esquinas das ruas empedradas, onde abundam sinais ligados à maçonaria. Hoje, Paraty (que é geminada com a cidade portuguesa de Ílhavo) vive quase exclusivamente do turismo. Curiosamente, a Prefeitura criou uma nova classificação para os hotéis e pousadas da cidade baseados em símbolos de peixes, que podem ser cor-de-rosa ou arco-íris se o hotel quiser ser identificado com o público homossexual.


Chegar lá
Chega-se a Paraty através da BR101, mas nada bate uma chegada de barco, que pode ser tomado em diversos pontos de Angra dos Reis.

Dormir
Pousada do Princípe (www.pousadadoprincipe.com.br), Avenida Roberto Silveira, 289. Tel: (24)33712266. — Situada a escassas centenas de metros do centro histórico, a pousada pertence ao princípe herdeiro da coroa brasileira, conhecido pelo povo como D. Joãzinho. Tem um pátio interior muito agradável, saturado com cheiro a baunilha. Os quartos rondam os 80 reais.
Pousada do Ouro (ouro@contrachtor.com.br). Tel: (24)33712221) — O seu maior trunfo é a localização, na rua da Praia, em pleno centro histórico. Quartos a partir de 80 reais.

Comidinha
Restaurante Refúgio, Praça da Bandeira, tel: (24)33712447 — Uma casa simplesmente deliciosa. Comida magnífica, em especial as moquecas e os pratos de peixe. O pessoal é de uma simpatia contagiante.

O que comprar
Artesanato índio, redes de descanso e biquinis. As coisas são ligeiramente mais caras do que na cidade do Rio.

posted by Rui Baptista at 3:57:00 da manhã

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