Um blog de Rui Baptista
segunda-feira, maio 10, 2004
Ilhéus
A terra de Gabriela e Nacib
Existem na vida momentos perfeitos. Estar na esplanada do bar Vesúvio rodeado de amigos, a comer acarajé e a ouvir a música de Raúl Seixas é, seguramente, um deles. Ilhéus não é apenas a terra de Jorge Amado, palco dos amores de Nacib e Gabriela, capital do cacau, cidade de coronéis e casarões. Ilhéus é um estado de espírito. É um daqueles sítios onde a felicidade parece estar ao alcance da mão. Basta ousar.
A resposta é “sim”. Sim, o Bar Vesúvio, o famoso bar do árabe Nacib, existe mesmo. Fica virado para o mar, ao lado da catedral do mártir Sebastião, a menos de 50 metros da casa onde viveu Jorge Amado, que imortalizou a cidade nos seus livros (em especial em Gabriela Cravo e Canela e São Jorge de Ilhéus). O escritor lá está à janela do bar, imortalizado numa pintura “naif”, tendo como companhia a bela Gabriela, de cor de canela e cravo na orelha. O verdadeiro dono do Vesúvio, que serviu de inspiração ao escritor chamava-se Maron, era sírio, careca e gordo, e tem a sua vida exposta em fotografias cor de sépia penduradas nas paredes do bar. Gabriela também existiu e dela dizia-se que era linda de morrer. As suas netas ainda vivem em Ilhéus e conservam os traços de beleza herdados da avó famosa.
Ilhéus já foi a capital do cacau, hoje vive de memórias antigas e dos romances de Jorge Amado. Ali, a ficção confunde-se com a realidade. O famoso cabaré Bataclan está a sofrer obras que vão transformá-lo num Centro de Cultura; a prefeitura é tão imponente como nos tempos do coronel Ramiro Bastos; na catedral de São Sebastião continuam a ser rezadas missas pedindo as chuvadas que ajudam a salvar a safra do cacau; o porto do Malhado, velha aspiração dos coronéis e de Mundinho Falcão foi finalmente aberto.
Dizer que Ihéus está parada no tempo é um exagero. Ilhéus está, isso sim, suspensa entre a imaginação de Jorge Amado e a realidade. É uma cidade tão bonita que até dói. Tão acolhedora que dá vontade de ficar lá para sempre. Tão irreal que às vezes parece diluir-se no mar verde que bate infatigavelmente no cais. Já não há jagunços e coronéis, mas ainda há gente que declama poemas nas rodas do Vesúvio, que fuma charutos São Félix ou cigarros de palha enquanto vai degustando pinga; ainda há sobradões na avenida nova, entalados entre o morro da Conquista, a margem do rio e o mar. E um Cristo Rei de miniatura, o Cristo Júnior, abençoa a cidade em frente à ilha das Cobras.
E depois há as praias. Cem quilómetros de praias, mais selvagens para norte, mais urbanizadas para sul. Praias de água limpa, morna, de ondas batidas, a perder de vista, com uma fímbria de coqueiros e manguezais. Coqueiros e manguezais até Canavieiras, um daqueles sítios cuja beleza selvagem nos deixa mudos. E depois há a música. Muita música. Música que nos deixa de bem com a vida.
Chegar lá
Ilhéus fica a 458 km de S. Salvador. Chega-se lá através da esburacada e sinuosa Br-101. O avião é uma alternativa, mas é preciso coragem para aterrar numa pista que termina numa das mais movimentadas artérias da cidade.
Compras
Chocolates, mesmo em frente ao Vesúvio. Cigarros de palha e charutos numa transversal da Prefeitura, ao lado da Joalharia Pérola.
Comidinha
No bar do Vesúvio claro. Tão fácil de encontrar que nem vale a pena deixar a morada. E no rival Sheik, no morro, especializado em comida árabe. Em Canavieiras existem dos bares rivais que merecem uma visita: o bar DO Nacib; e o bar DE Nacib.
Ócio
Acordar e tomar um banho de mar. Tomar um aperitivo no Vesúvio antes do almoço. Ir até ao balneário de Olivença experimentar as águas medicinais. Tomar um aperitivo no Vesúvio antes do jantar. Encomendar quibe e uma moqueca no Sheik. Terminar a noite no Vesúvio, a comer acarajé picante, amendoins, sorvete de jaca, a beber caipirinhas e a cantar a plenos pulmões canções de Dorival Caymi, Raúl Seixas, Caeatano Veloso. E depois ir dormir para no dia seguinte repetir o programa.
Existem na vida momentos perfeitos. Estar na esplanada do bar Vesúvio rodeado de amigos, a comer acarajé e a ouvir a música de Raúl Seixas é, seguramente, um deles. Ilhéus não é apenas a terra de Jorge Amado, palco dos amores de Nacib e Gabriela, capital do cacau, cidade de coronéis e casarões. Ilhéus é um estado de espírito. É um daqueles sítios onde a felicidade parece estar ao alcance da mão. Basta ousar.
A resposta é “sim”. Sim, o Bar Vesúvio, o famoso bar do árabe Nacib, existe mesmo. Fica virado para o mar, ao lado da catedral do mártir Sebastião, a menos de 50 metros da casa onde viveu Jorge Amado, que imortalizou a cidade nos seus livros (em especial em Gabriela Cravo e Canela e São Jorge de Ilhéus). O escritor lá está à janela do bar, imortalizado numa pintura “naif”, tendo como companhia a bela Gabriela, de cor de canela e cravo na orelha. O verdadeiro dono do Vesúvio, que serviu de inspiração ao escritor chamava-se Maron, era sírio, careca e gordo, e tem a sua vida exposta em fotografias cor de sépia penduradas nas paredes do bar. Gabriela também existiu e dela dizia-se que era linda de morrer. As suas netas ainda vivem em Ilhéus e conservam os traços de beleza herdados da avó famosa.
Ilhéus já foi a capital do cacau, hoje vive de memórias antigas e dos romances de Jorge Amado. Ali, a ficção confunde-se com a realidade. O famoso cabaré Bataclan está a sofrer obras que vão transformá-lo num Centro de Cultura; a prefeitura é tão imponente como nos tempos do coronel Ramiro Bastos; na catedral de São Sebastião continuam a ser rezadas missas pedindo as chuvadas que ajudam a salvar a safra do cacau; o porto do Malhado, velha aspiração dos coronéis e de Mundinho Falcão foi finalmente aberto.
Dizer que Ihéus está parada no tempo é um exagero. Ilhéus está, isso sim, suspensa entre a imaginação de Jorge Amado e a realidade. É uma cidade tão bonita que até dói. Tão acolhedora que dá vontade de ficar lá para sempre. Tão irreal que às vezes parece diluir-se no mar verde que bate infatigavelmente no cais. Já não há jagunços e coronéis, mas ainda há gente que declama poemas nas rodas do Vesúvio, que fuma charutos São Félix ou cigarros de palha enquanto vai degustando pinga; ainda há sobradões na avenida nova, entalados entre o morro da Conquista, a margem do rio e o mar. E um Cristo Rei de miniatura, o Cristo Júnior, abençoa a cidade em frente à ilha das Cobras.
E depois há as praias. Cem quilómetros de praias, mais selvagens para norte, mais urbanizadas para sul. Praias de água limpa, morna, de ondas batidas, a perder de vista, com uma fímbria de coqueiros e manguezais. Coqueiros e manguezais até Canavieiras, um daqueles sítios cuja beleza selvagem nos deixa mudos. E depois há a música. Muita música. Música que nos deixa de bem com a vida.
Chegar lá
Ilhéus fica a 458 km de S. Salvador. Chega-se lá através da esburacada e sinuosa Br-101. O avião é uma alternativa, mas é preciso coragem para aterrar numa pista que termina numa das mais movimentadas artérias da cidade.
Compras
Chocolates, mesmo em frente ao Vesúvio. Cigarros de palha e charutos numa transversal da Prefeitura, ao lado da Joalharia Pérola.
Comidinha
No bar do Vesúvio claro. Tão fácil de encontrar que nem vale a pena deixar a morada. E no rival Sheik, no morro, especializado em comida árabe. Em Canavieiras existem dos bares rivais que merecem uma visita: o bar DO Nacib; e o bar DE Nacib.
Ócio
Acordar e tomar um banho de mar. Tomar um aperitivo no Vesúvio antes do almoço. Ir até ao balneário de Olivença experimentar as águas medicinais. Tomar um aperitivo no Vesúvio antes do jantar. Encomendar quibe e uma moqueca no Sheik. Terminar a noite no Vesúvio, a comer acarajé picante, amendoins, sorvete de jaca, a beber caipirinhas e a cantar a plenos pulmões canções de Dorival Caymi, Raúl Seixas, Caeatano Veloso. E depois ir dormir para no dia seguinte repetir o programa.
posted by Rui Baptista at 2:09:00 da manhã
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