Um blog de Rui Baptista

segunda-feira, maio 10, 2004

Sul da Bahia

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Na terra em que o mar não bate, não bate o meu coração

Primeiro, uma confissão: o título deste escrito foi roubado a uma canção composta em 1965 por Caetano Veloso e Gilberto Gil, que integrava o roteiro do primeiro disco do actual ministro da Cultura do Brasil. Recuperada em meados da década de 90 para o álbum acústico de Gil, “Beira Mar” é a banda sonora indicada para a viagem pelo sul da Bahia que aqui lhe propomos. Uma viagem cheia de mar verde e espuma branca, com sabor a acarajé e cheiro a cacau. Uma viagem por lugares capazes de provocar à primeira vista paixões fulminantes.


Só agora os turistas portugueses começam a descobrir que a Bahia tem mais para oferecer do que as belezas de S. Salvador, capital do Estado. Este ano as agências de viagens apostaram nos voos “charter” para Porto Seguro, aproveitando o excelente aeroporto e as infraestruturas hoteleiras muito acima da média para o mercado brasileiro. Hoje, o sotaque luso mistura-se nas ruas de Porto Seguro, Arraial da Ajuda ou Ilhéus com o castelhano cerrado dos argentinos (ainda e sempre os principais visitantes destas paragens) e com a fala cantada de paulistas e cariocas. As praias baianas não ficam a dever em beleza às suas congéneres de Pernambuco, Rio Grande do Norte ou Ceará (destinos tradicionais dos portugueses em férias), o clima é quente sem ser escaldante, as infraestruturas são mais do que razoáveis, o povo é simpático e a gastronomia é, provavelmente, a melhor do Brasil. Cidades como Porto Seguro vivem em festa o ano inteiro, mas quem sonhar com praias desertas, brisas mornas e muito sossego só tem que rumar à costa do Cacau ou à costa do Dendê. E disfrutar. Muito.

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Porto Seguro e Arraial da Ajuda

“Um capeta, dois capeta, três capota”




Porto Seguro foi a porta de entrada de Pedro Álvares Cabral no Brasil. O marco do “achamento” lá está, na pequenina mas bem conservada cidade antiga, atestando a chegada dos portugueses em 1500. Com as suas praias intermináveis, enseadas, rios e riachos e coqueirais a perder de vista, Porto Seguro é um dos principais destinos turísticos do Brasil, atraindo principalmente argentinos, paulistas e cariocas. Quem gostar de praias desertas pode sempre escolher um hotel em Ponta Grande ou Mutá. Mas a maior parte dos turistas instala-se mesmo em Itacimirim ou Taperapuã, na orla costeira, a meia dúzia de quilómetros do centro da cidade, a meia dúzia de quilómetros da animação. Relativamente calma durante o dia, Porto Seguro transfigura-se com a chegada da noite, ganhando um brilho absolutamente surpreendente. Todos os caminhos vão dar à Avenida Portugal (mais conhecida por Passarela do Álcool) onde os restaurantes de boa comida baiana se misturam com lojas e barraquinhas de artesanato dos índios pataxós.
A Passarela serve também de ponto de partida para os “luaus”, mega-festas ao ar livre que todas as noites mudam de sítio, obedecendo a um calendário pré-estabelecido. Nos “luaus” reina a música “axé”, o forró e o “capeta”. Bebida fortissima mas levemente adocicada, feita de vodka, pó de guaraná e leite condensado, “o capeta” é uma verdadeira bomba energética, capaz de deixar o ser mais pacato à beira da euforia mais desbragada. De tal forma que os locais previnem os visitantes para os efeitos da bebida com uma frase que está espalhada um pouco por todo o lado: “Um capeta, dois capeta, três capota”…



Os dois “luaus” mais impressionantes são os do bar Tôa Tôa e da Ilha dos Aquários. O primeiro realiza-se na praia do Mundaí, todas as quintas-feiras à noite, numa imenso palco virado para o mar. Mas nada chega à animação das sextas-feiras, na Ilha dos Aquários, onde se chega numa balsa que parte de 15 em 15 minutos do cais que fica no prolongamento da Passarela do Álcool. A ilha é impressionante, com aquários gigantes bem no centro e diversos palcos espalhados pelos quatro cantos. Ali ouve-se forró, “axé”, samba, “rock”, numa mistura explosiva, regada a capeta e a cerveja, que dura até o raiar do dia. Em média, cada “luau” reúne mais de duas mil pessoas, quase todos muito jovens, num clima “paz e amor” que já é raro encontrar no Ocidente.
Bem mais sossegada, mas nem por isso menos interessante, é a povoação de Arraial da Ajuda, situada na outra margem do rio Bunharém. Chega-se lá numa balsa que parte de 20 em 20 minutos durante o dia e de hora a hora entre a meia-noite e as seis da manhã (2 reais por pessoa, 14 reais por automóvel).
O centro histórico de Arraial, com os seus casarões portugueses e a capelinha de costas para o mar, merece bem uma visita. A cidade foi crescendo morro a baixo, na direcção do mar, e hoje oferece dezenas e dezenas de pousadas a preços muito aceitáveis.
Muitos “hippies” fora de tempo fizeram do Arraial a sua casa, e por isso é frequente encontrar pousadas com nomes como “Namaste”, “Om”, “Nirvana” ou “Zen”, protegidas por barreiras de árvores e flores.


A cerca de trinta quilómetros de Arraial fica Trancoso, uma cidade com características semelhantes, em tempo um dos lugares preferidos dos cantores de Música Popular Brasileira (Gal Costa, Caetano Veloso, Gilberto Gil ou Maria Bethânia são algumas das figuras que ainda hoje ali mantêm casas de veraneio). Na bela praia de Taípe, onde se chega através de uma esburacada estrada de terra batida, fica o novíssimo Club Med de Trancoso, considerado o melhor do Brasil. A Viagens Mapa Mundo e o Club Vip têm um programa para este aldeamento de luxo de sete noites, em pensão completa, desde 1590 euros por pessoa em quarto duplo.

Chegar
Há sempre a possibilidade de apanhar o voo regular da Tap para Salvador da Bahia e depois fazer o trajecto de carro, mas desde o ano passado diversas agências de viagem (a Mapa Mundo, o Club Vip ou a TopAtlântico, por exemplo) oferecem programas para Porto Seguro a preços muito razoáveis. É só ir a uma agência de viagens e escolher.

Dormir
As ofertas são muitas e variadas. Quem optar por ir à aventura pode ter a certeza que encontra alojamento a preços razoáveis (30 euros em média por um quarto com ar condicionado e vista para o mar). Os menos aventureiros podem optar pelos programas das agências, com a certeza que fizeram um bom negócio. De notar que os preços caeam substancialmente a partir de Outubro.

Circular
Os táxis são muito baratos, e as “kombis” (mini-vans) e autocarros ainda mais. Todos os hotéis oferecem transporte próprio. Alugar um “bugue” custa cerca de 50 reais por dia (cada euro vale sensivelmente três reais).

Compras
Artesanato dos indíos pataxós, guaraná em pó, licor de genipapo.

Comidinha
Moquecas de peixe e camarão, bobós de camarão, vatapá e acarajés (os melhores são vendidos pelas mulheres rendeiras de Porto Seguro antigo).

posted by Rui Baptista at 2:38:00 da manhã 1 comments

Paradise Eco Resort, Arraial da Ajuda


Ócio criativo



O Paradise Eco Resort em Arraial da Ajuda é incontornável. Não só porque fica numa situação priviligeada, na embocadura do rio Buranhém, mas também porque é um dos destinos de lazer e aventura mais interessantes da Bahia. E tudo a preços mais do que razoáveis.
Carlos Niquini, o mineiro que é proprietário do Paradise, acredita na teoria do ócio criativo. Por isso, todo o “resort” está disposto de forma a proporcionar o maior conforto e sossego ao visitante. E há poucas coisas melhores do que terminar o dia com um copo de suco de manga na mão, protegido por um tecto de flores, com o olhar alongando-se até ao casario de Porto Seguro.
Integrado numa parcela da mata atlântica, o resort oferece um vasto leque de programas de contacto com a natureza, nomeadamente caminhadas, surtidas ao Buranhém, avistamento de baleias ou visitas controladas às praias de desova das tartarugas. Mas quem preferir ficar pelo resort tem ao seu dispor todas aquelas coisinhas que se tornam indispensável para quem está de férias: piscina, sauna, biblioteca multimédia, cinema, salão de jogos, restaurantes de comida baiana, etc, etc. E os mais ousados podem até sobrevoar Arraial num pára-quedas puxado por uma lancha rápida (Pára-sail) ou tomar banhos em alto mar.
Paradise Eco Resort

Ponta do Apaga Fogo, Arraial da Ajuda
http://arraialecoresort.com.br
Tel:0055735751010


posted by Rui Baptista at 2:29:00 da manhã 1 comments

Ilhéus

A terra de Gabriela e Nacib




Existem na vida momentos perfeitos. Estar na esplanada do bar Vesúvio rodeado de amigos, a comer acarajé e a ouvir a música de Raúl Seixas é, seguramente, um deles. Ilhéus não é apenas a terra de Jorge Amado, palco dos amores de Nacib e Gabriela, capital do cacau, cidade de coronéis e casarões. Ilhéus é um estado de espírito. É um daqueles sítios onde a felicidade parece estar ao alcance da mão. Basta ousar.
A resposta é “sim”. Sim, o Bar Vesúvio, o famoso bar do árabe Nacib, existe mesmo. Fica virado para o mar, ao lado da catedral do mártir Sebastião, a menos de 50 metros da casa onde viveu Jorge Amado, que imortalizou a cidade nos seus livros (em especial em Gabriela Cravo e Canela e São Jorge de Ilhéus). O escritor lá está à janela do bar, imortalizado numa pintura “naif”, tendo como companhia a bela Gabriela, de cor de canela e cravo na orelha. O verdadeiro dono do Vesúvio, que serviu de inspiração ao escritor chamava-se Maron, era sírio, careca e gordo, e tem a sua vida exposta em fotografias cor de sépia penduradas nas paredes do bar. Gabriela também existiu e dela dizia-se que era linda de morrer. As suas netas ainda vivem em Ilhéus e conservam os traços de beleza herdados da avó famosa.
Ilhéus já foi a capital do cacau, hoje vive de memórias antigas e dos romances de Jorge Amado. Ali, a ficção confunde-se com a realidade. O famoso cabaré Bataclan está a sofrer obras que vão transformá-lo num Centro de Cultura; a prefeitura é tão imponente como nos tempos do coronel Ramiro Bastos; na catedral de São Sebastião continuam a ser rezadas missas pedindo as chuvadas que ajudam a salvar a safra do cacau; o porto do Malhado, velha aspiração dos coronéis e de Mundinho Falcão foi finalmente aberto.

Dizer que Ihéus está parada no tempo é um exagero. Ilhéus está, isso sim, suspensa entre a imaginação de Jorge Amado e a realidade. É uma cidade tão bonita que até dói. Tão acolhedora que dá vontade de ficar lá para sempre. Tão irreal que às vezes parece diluir-se no mar verde que bate infatigavelmente no cais. Já não há jagunços e coronéis, mas ainda há gente que declama poemas nas rodas do Vesúvio, que fuma charutos São Félix ou cigarros de palha enquanto vai degustando pinga; ainda há sobradões na avenida nova, entalados entre o morro da Conquista, a margem do rio e o mar. E um Cristo Rei de miniatura, o Cristo Júnior, abençoa a cidade em frente à ilha das Cobras.
E depois há as praias. Cem quilómetros de praias, mais selvagens para norte, mais urbanizadas para sul. Praias de água limpa, morna, de ondas batidas, a perder de vista, com uma fímbria de coqueiros e manguezais. Coqueiros e manguezais até Canavieiras, um daqueles sítios cuja beleza selvagem nos deixa mudos. E depois há a música. Muita música. Música que nos deixa de bem com a vida.


Chegar lá
Ilhéus fica a 458 km de S. Salvador. Chega-se lá através da esburacada e sinuosa Br-101. O avião é uma alternativa, mas é preciso coragem para aterrar numa pista que termina numa das mais movimentadas artérias da cidade.

Compras
Chocolates, mesmo em frente ao Vesúvio. Cigarros de palha e charutos numa transversal da Prefeitura, ao lado da Joalharia Pérola.

Comidinha
No bar do Vesúvio claro. Tão fácil de encontrar que nem vale a pena deixar a morada. E no rival Sheik, no morro, especializado em comida árabe. Em Canavieiras existem dos bares rivais que merecem uma visita: o bar DO Nacib; e o bar DE Nacib.
Ócio
Acordar e tomar um banho de mar. Tomar um aperitivo no Vesúvio antes do almoço. Ir até ao balneário de Olivença experimentar as águas medicinais. Tomar um aperitivo no Vesúvio antes do jantar. Encomendar quibe e uma moqueca no Sheik. Terminar a noite no Vesúvio, a comer acarajé picante, amendoins, sorvete de jaca, a beber caipirinhas e a cantar a plenos pulmões canções de Dorival Caymi, Raúl Seixas, Caeatano Veloso. E depois ir dormir para no dia seguinte repetir o programa.

posted by Rui Baptista at 2:09:00 da manhã 0 comments

Cana Brava Resort, Ilhéus

Um convite ao lazer

É o maior, o melhor e o mais simpático dos hotéis de Ilhéus. E ainda por cima com preços em conta. Localizado numa área de 170 mil m2 à beira-mar, a 24 quilómetros da cidade, o Cana Brava é uma maravilha. São 150 habitações tipo chalé, rodeadas de coqueiros e de um pedacinho da mata atlântica, onde o sossego só é quebrado pelo rumor reconfortante do mar.
O Cana Brava está instalado numa antiga fazenda de cacau, o que faz com que disponha de uma praia que é praticamente privativa. Dentro do resort há de tudo, mas em doses discretas, para não maçar o hóspede. E este tudo inclui as tradicionais valências dos hotéis de luxo, e ainda pequenos brindes que tornam a estadia única: uma escola de capoeira, um lago termal de águas ferruginosas, uma capela afogada no verde dos coqueiros, um restaurante com a melhor comida baiana, uma cama elástica escondida por um renque de coqueiros, redes de descanso com vista para o mar verde e muita, muita simpatia. E Ilhéus fica ali tão perto, por uma estrada que segue o contorno da costa e atravessa os três rios que recortam a cidade. Uma estrada linda, onde apetece parar para molhar os pés e respirar o ar impregnado de cacau e maresia.

Cana Brava Resort
Rodovia Ilhéus – Canavieiras, quilómetro 24, Praia de Cana Brava
www.canabravaresort.com.br
Diárias a partir de 270 reais (cada euro vale sensivelmente três reais)







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A seguir: ESTADO DO RIO DE JANEIRO
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